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Reforma Tributária e o Setor de Combustíveis

  • Foto do escritor: Regis Furtado
    Regis Furtado
  • 22 de abr.
  • 3 min de leitura

O que está por vir pode comprometer o que você construiu até aqui


Durante mais de duas décadas, milhares de empresários do setor de combustíveis seguiram uma lógica que parecia sólida: comprar, revender e manter a operação enxuta. A previsibilidade tributária — ainda que cara — fazia parte do jogo.

Mas tudo mudou com a Emenda Constitucional nº 132/2023.

Enquanto o discurso político fala em “simplificação”, quem conhece a operação de um posto de combustíveis e de uma loja de conveniência sabe que a realidade será mais dura, técnica e arriscada. A reforma não representa apenas um novo conjunto de leis. Ela exige uma mudança estrutural na forma como você gere sua empresa.


Se você continuar operando como antes, é possível que sua margem desapareça sem que você perceba.


O novo modelo e a armadilha escondida


A reforma extingue os regimes que protegiam a revenda da complexidade fiscal:


  • Sai o PIS/Cofins monofásico.

  • Sai o ICMS-ST.

  • Entra o modelo dual: CBS e IBS.

A partir de 2026, postos passarão a apurar diretamente os tributos, como se fossem grandes indústrias. Serão responsáveis por gerar créditos, controlar débitos e se adequar a uma contabilidade fiscal que, até então, estava fora da sua rotina.


Isso exige mais do que um bom contador. Exige planejamento jurídico, estratégia societária e decisões técnicas, sob pena de transformar um posto saudável em um passivo em silêncio.


E o Imposto Seletivo?


Sim, ele virá. Aplicado sobre combustíveis fósseis, sem gerar crédito. Na prática, significa um tributo novo, cumulativo e imprevisível, que será somado ao custo do produto — mas dificilmente poderá ser repassado ao consumidor em mercados altamente competitivos.


Se você não tiver uma estrutura jurídica e contábil preparada, esse tributo vai diretamente para a sua margem.


Lojas de conveniência: a corda mais curta


Enquanto os postos vão enfrentar a burocracia, as lojas de conveniência enfrentarão a asfixia tributária.

Hoje, elas operam com PIS/Cofins cumulativo, em média 3,65%. Com a reforma, migrarão para um modelo de IVA que pode atingir 27%. Só que esse tipo de operação — com muitos produtos de baixa carga tributária e pouco insumo aproveitável — não gera créditos suficientes para compensar o imposto devido.


Resultado: a carga efetiva sobe, mas a margem não acompanha.


O erro mais comum? Acreditar que o Simples Nacional será a salvação


Muitas lojas permanecem no Simples Nacional acreditando que este será o porto seguro na transição. A realidade é outra.


No Simples, não há direito a crédito de CBS e IBS. O modelo não conversa com o novo sistema. A loja fica isolada, fora da cadeia de compensação tributária. E mais: empresas que compartilham CNPJ raiz com o posto podem ser desenquadradas por ultrapassar o teto de receita.


Manter-se no Simples sem análise técnica aprofundada é como atravessar um campo minado com os olhos vendados.


A transição é longa — e por isso mesmo, perigosa


De 2026 a 2033, dois sistemas tributários vão coexistir. Isso significa que sua empresa terá que apurar e declarar obrigações em duplicidade. A complexidade operacional vai dobrar. A chance de erro fiscal, também.


E não há margem de tolerância: o Fisco já sinalizou que o rigor será total desde o início.


O que sua empresa precisa fazer agora


Empresas que sobreviverem à transição com saúde financeira e jurídica serão aquelas que:

  • Reestruturarem seus contratos com fornecedores, distribuidoras e franqueadoras;

  • Segregarem, quando necessário, suas operações contábil e juridicamente;

  • Estudarem com profundidade os impactos do novo modelo sobre sua margem real;

  • Se posicionarem preventivamente com instrumentos jurídicos sólidos;

  • Aderirem a um modelo de compliance tributário de alta performance;

  • Aturem junto a sindicatos e entidades na regulamentação das leis complementares.


Essas empresas não apenas sobreviverão. Elas conquistarão o mercado deixado por quem não se preparou.


Conclusão


A Reforma Tributária não é uma promessa de alívio. Ela é um teste. Um divisor de águas entre os empresários que continuarão crescendo e os que verão sua operação ser consumida pela carga fiscal, pela burocracia e pelos erros acumulados em uma transição mal conduzida.


Se você é empresário do setor, a pergunta não é mais se você vai agir. É quando e com quem.


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